quarta-feira, 10 de novembro de 2010

ADOLESCÊNCIA - A Ética do Cuidado

A adolescência para Winnicott é uma fase de crescimento normal que compreende a puberdade e suas inerentes mudanças sexuais, bem como a busca do adolescente em tornar-se adulto. Inclui a socialização, o que não significa adaptação ou conformidade. O indivíduo maduro é capaz de se identificar com as figuras parentais e com alguns aspectos da sociedade sem submeter-se ou prejudicar sua singularidade. Normalmente assume a responsabilidade de manter ou alterar o que a geração anterior deixou. (Winnicott, 1983).

Trata-se de um período de descoberta pessoal e do empenho em uma experiência vital para o jovem: o estabelecimento de sua identidade. Geralmente há um quadro confuso, em que ocorre a oscilação entre dependência e arrogância em relação aos pais e à sociedade. A espera pelas mudanças da puberdade exerce uma pressão sobre todos os adolescentes. Eles dependem do processo inato de crescimento, e, nesse sentido, são passivos. O adolescente ainda tem à disposição as técnicas dos adultos. A menina que antes sonhava em ter o bebê da mãe, agora pode engravidar ou prostituir-se. O menino que sonhava em matar o pai, agora pode fazê-lo. Podem agora se suicidar.

Na adolescência saudável será que também há deprivação? Winnicott diz que há, mas não de uma forma suficientemente forte para sobrecarregar as defesas e levar às atuações. Porém, no grupo que o adolescente encontra para se identificar, membros extremos atuam pelo grupo todo. A conduta anti-social tem que estar contida neste grupo. A atuação de alguém do grupo faz com que os outros participem para se sentirem reais. Todos apoiarão quem cometeu o ato, apesar de não aprovar o que ele fez. Esse princípio se aplica ao uso de outros tipos de doenças, como por exemplo, o suicídio.




“Os adolescentes, tipicamente, tendem a testar todas as medidas de segurança, regras e disciplinas. Assim, é normal que as crianças encarem a segurança como um dado básico. Por terem recebido dos pais um cuidado adequado na primeira infância, acreditam que as coisas devam ser assim. Carregam consigo um sentido de segurança que é a todo momento reforçado pelos testes que aplicam aos pais, aos familiares, aos professores e colegas e a toda pessoa que conhecem. Tendo encontrado todas as fechaduras trancadas, procedem a destrancá-las e a abrir as portas; e repetidamente lançam-se para fora(burst out) . Ou como alternativa, enrodilham-se na cama, sentindo-se fúteis (futile) e ouvindo discos de blue jazz.
Por que cabe aos adolescentes especialmente empreender tais testes?

A resposta parece ser que os adolescentes começam a encontrar a si próprios uma nova gama de sentimentos fortes e até amedrontadores, e desejam verificar se os controles externos ainda estão de pé. Mas, ao mesmo tempo, querem provar serem capazes de romper controles e estabelecer a si próprios como pessoas autônomas... Aos poucos, e com o tempo, o crescimento verdadeiro confere à criança ou ao adolescente um sentido de responsabilidade, sobretudo daquela responsabilidade ligada à provisão de condições adequadas de segurança às crianças de uma geração mais nova”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário